18.10.05

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O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido? Mas o que é proibir? Proibir não é algo tão avesso à democracia. É proibido roubar. É proibido o trabalho escravo. É proibido o abuso sexual de menor. Então, matar com arma de fogo, por que não proibir? (Não há outra utilidade para uma arma.)

A população ficará refém do Estado? Afirmar que o desarmamento da população é um passo para regimes totalitários é ignorar a complexidade dos fatos históricos. As revoluções são frutos de idéias, não de disparos. Novas idéias, conhecimento e cultura é que provocam transformações sociais. Como a idéia do desarmamento. A arma, como toda forma de violência, é na verdade pobreza de argumento.

E o cidadão com o desarmamento? Mas o que é cidadão? Que título é esse que o ego de alguns hipócritas ostenta? Nem o adolescente da favela que sustenta uma arma para sobreviver à sociedade que o exclui. Nem um juiz (aquele do crime no supermercado do Ceará) que no seio da sociedade ostenta uma arma para subjugá-la. Ninguém é cidadão. Aquele que empunha uma arma é tão vítima quanto aquele que serve de alvo. Segregacionar cidadãos e criminosos é mascarar a cruel realidade e a desumana sociedade em que vivemos. Definitivamente exercer a cidadania não é comprar uma arma. Comprar uma arma é assumir a iminência de um crime, na tênue linha que separa bandidos e cidadãos.

E a segurança com o desarmamento? As armas nunca proporcionaram segurança. Acreditar que proporcionam faz parte da mentalidade de políticas públicas paliativas que combatem o caso social com a compra de mais viaturas (puro sensacionalismo). Arma como defesa é ingenuidade do ponto de vista técnico: aquele que é surpreendido, mesmo armado, está em desvantagem e, ao reagir, a possibilidade de permanecer ileso é nula. Arma como segurança é corroborar com a concepção arcaica de que concentração de renda é caso de polícia. Precisamos de oportunidades, livros e professores, não de cadeias, armas e policiais.

E a eficiência de desarmamento? O projeto do desarmamento não foi feito da noite para o dia, foi elaborado e analisado por vários especialistas. Há grandes possibilidades de apresentar resultados significativos no combate à violência. E caso não contribua dessa forma, a sociedade pode democraticamente revogá-lo. O que não pode é permanecermos na situação atual. Algo deve ser feito. E a melhor opção é o Estatuto do Desarmamento.

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