Ele esperara tanto tempo para conquistá-la e agora que ela estava ali, em seus braços, completamente sua, ele parava e fitava aqueles olhos negros, que lembravam duas jabuticabas, que lembravam uma jabuticabeira, que lembrava o sítio da sua avó, que lembrava sua infância, que lembrava suas brincadeiras embaixo da jabuticabeira sempre contemplando aqueles olhos negros. Amigos na infância, namorados na adolescência.
Permanecia imóvel, vitrificado. Veio-lhe a memória Casimiro de Abreu, este homem o marcou profundamente, afinal foi quem escreveu o poema “Meus Oito Anos”. Sempre gostou deste poema, mas em vez de bananeiras e laranjais ele lembrava da jabuticabeira... Enquanto isso, ela começava a se preocupar com a (falta de) reação do namorado, só não gritou por socorro porque sabia que se o pai entrasse no quarto e visse os dois juntos, faria um escândalo.
Parece ter voltado ao normal. Piscou os olhos (mania de criança), sorriu, beijou a testa da amiga e disse:
-Vamos voltar à nossa infância?
-Mas... Agora?
-Porque não?
-Você está bem?
-Nunca tive tão bem! Você é que não tá bem.
-Eu!?
-É. Eu não te conheço mais... Tchau.
-Mas Pedro...
Dirigiu-se à porta do quarto.
-Pela porta não! Papai deve está na sala!
-E o que é que uma criança poderia tá fazendo no quarto de uma adolescente?
Saiu. Cumprimentou o pai dela na sala e foi embora. O pai, sem entender nada, vai ao quarto da filha.
-Filha, o que é que Pedrinho estava fazendo aqui?
-É o que eu queria saber. O que é que “Pedrinho” estava fazendo aqui?
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