18.10.05

Outubro

Mês tradicionalmente dedicado às crianças brasileiras, resta saber quais.

Há muito tempo as crianças não recebem o tratamento que deveriam ter. Muitas começam a trabalhar antes mesmo de largar a chupeta, são vítimas de maus-tratos, exploração sexual, passam fome, não recebem educação e atendimento médico de qualidade... Enfim, sobre-vivem.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi criado com o intuito de protegê-las, mas surtiu poucas melhoras porque o Governo e a própria sociedade acharam que somente imprimir os artigos do ECA já surtiria efeito. Quanta inocência!

O ECA apenas mostra como tratar as crianças, mas é preciso toda uma infra-estrutura como escolas, pronto-socorros, quadras e principalmente profissionais qualificados para por estes preceitos em prática, infra-estrutura esta que inexiste.

Outro erro grave está no tratamento dispensado aos menores infratores. Estes deveriam passar por acompanhamento psicológico e social intensos, mas ao invés disso são encaminhados para unidades prisionais da FEBEM, também conhecidas como Faculdades do Crime. Entram crianças, saem delinqüentes.

É assim que o Brasil trata seu futuro, depois não adianta reclamar que continua tudo igual. Nesse mês e em todos os outros (afinal todo dia é dia da criança), população e poder público devem se unir em prol dos menores, se não este país será cada vez menor.

Amizade

A vida é feita de etapas, e nós estamos passando pela primeira. Etapa a qual se baseia na fraternidade , companheirismo, nas primeiras experiências amorosas; e todos se perguntam o que vai acontecer com seus laços de amizade. A resposta muitas vezes é pessimista.

As amizades da escola, as brincadeiras dentro e fora de sala de aula, as baladas e principalmente a falta de experiência de vida, nos fazem acreditar na amizade das pessoas. Porém, essa amizade é superficial, momentânea, não estou expondo que não existe amizade verdadeira, mas sim, que existe pseudo-amizades que, enquanto presentes, podem ser maravilhosas, mas nunca estão presentes na hora da precisão, e a prova disso é o distanciamento. Melhor dizendo, uma das provas.

Muitos morarão fora de suas cidades ou estados para ingressar na faculdade e se sentirão sós, por causa daqueles velhos amigos, que algumas vezes ainda ligam, mas não há aquela “velha amizade.

Não sei bem ao certo se é a maturidade que nos faz enxergar as pessoas a nossa volta ou se o individualismo e a hipocrisia transbordam nos outros ou em você mesmo.

Basta-nos apenas viver e aprender nos erros, etapa após etapa, e assim seguir a nossa vida medíocre, e com a mediocridade fazê-la vida, superficial, mas vivia!

ONG-Brasil

Corrupção! Esta palavra tem paulatinamente ganhado repercussão inaceitável no Brasil. Escândalos na política fizeram com que esta fosse a discussão da moda. Chegando agora no ápice da temática deste texto, focalizaremos em falar numa corrupção específica e recente: a “compra” de juízes de futebol.

Conhecida como a “Máfia do Apito”, essa organização não-governamental, participava na fraude de resultados incluídos nas apostas de um site de jogos de “azar”. Para manipular os resultados, eram pagos “cachês” a árbitros que favoreciam os times escolhidos segundo o critério dos donos do site.

Como conseqüência, todos os torcedores que compareceram aos jogos fraudulentos foram lesados. Um crime contra a ética.

Resta saber se essas investigações vão além das divulgações feitas na imprensa e darão resultados... Que não sejam comprados.

Tá Chegando a Hora...

Já estamos em outubro do ano em que toda a equipe de Rodapé, e boa parte de nosso público leitor, deverá se confrontar com o temido vestibular.

Já estamos convivendo com a felicidade de ter passado (parabéns editor), e com a tristeza de não estar entre o classificados. Os professores já estão fechando seus conteúdos, as inscrições já foram feitas, os coordenadores já cogitam quem vai passar... A realidade é que já não se pode mais encarar o vestibular como algo distante. “E agora José?”

Não se pode, ainda, voltar no tempo e mudar aquilo que fizemos, logo, como diz o ditado, “não devemos chorar pelo leite derramado”, ou simplesmente, não adianta se arrepender por causa daquelas horas, dias, perdidos. O que deve ser feito é evitar perder outras horas.

Para aqueles que não perderam seu tempo: tentem relaxar um pouco. De nada vai adiantar ter ficado todo o ano liderando os treinos e chegar exausto na hora do “tudo ou nada”. Descansar nem sempre é sinônimo de perder tempo.

Mas disso Vocês já sabem.

Este texto foi feito só para dizer a vocês caros leitores, que ninguém está livre do nervosismo pré-vestibular, mas quem o controla é, geralmente, quem entra nas melhores universidades; e principalmente para lhes desejar boa sorte.

Ateneu: Éden Com Inferno- ISO 2005

Era Uma vez nós

História de ninguém

Começa no Éden

Um rio sem foz

Podre nas atitudes

Donos sem virtudes

Formigas sem voz

Loba do além-pós

Que impõe leis

Do século 16

Cinta de Cilício cultural

Mortificação intelectual

Cervos “alegres”

Rondam os jardins

Co-roendo como lebres

Gemendo com os afins

Hetero-diferenciados

Saltitantes como os...

Falta muito pouco

Para o pesadelo cessar

Anos em lama de porco

Quero regurgitar

Tudo o que aqui aprendi

Recuperar a vida que perdi

Levarei daqui amizades

Filosofias, anti-religiosidades

Amores não-correspondidos

Visões de elos perdidos

Um bom vinho francês

Comungando o pão português

Sorte tomar consciência

Libertar os sonhos da dormência

Dos estereo-deformadores

Desses patriocidas

E vão construindo tratores

E vão destruindo vidas.

Entrevista com a Senadora Patrícia Saboya

O Rodapé: Vossa Excelência presidiu a CPMI da Exploração Sexual, o que foi constatado pela CPMI no Brasil e em especial no Estado do Ceará?

Durante mais de um ano de trabalho, a CPMI destinada a investigar a exploração sexual de crianças e adolescentes percorreu todas as regiões do Brasil numa incansável busca para romper a barreira de silêncio que encobre esses crimes. Estivemos em 22 Estados, onde realizamos 34 reuniões e audiências públicas, além de 20 diligências. O quadro revelado para nós foi desolador. Constatamos que a prática da exploração sexual de crianças e adolescentes está disseminada em todo o País, aparecendo tanto em cidades grandes quanto em pequenos municípios. Esse fenômeno, infelizmente, conta com a ação organizada de redes que reduzem meninas e meninos à condição de mercadoria, tratados como objeto para dar prazer ao adulto.

Ao longo das nossas investigações, encontramos muito mais do que casos chocantes. Encontramos crianças e adolescentes fragilizados, com o corpo e a mente marcados pela violência sexual, pela falta de perspectiva de uma vida digna, pelo total abandono da família, da sociedade e do Estado. Colocar as crianças no centro das nossas atenções foi uma preocupação constante da CPMI, que, ao contrário de outros processos investigativos, acreditou efetivamente no depoimento das vítimas.

No Ceará, onde realizamos diligência e audiência pública, não foi diferente. Na apuração dos casos, procuramos ouvir todas as partes envolvidas, dando, sempre, voz às crianças e adolescentes. Ouvir as histórias desses meninos e meninas foi, muitas vezes, traumatizante. Lembro-me do depoimento de uma garota de apenas 13 anos, vítima de estupro. Em meio aos relatos sobre o sofrimento de ter passado por uma violência tão brutal, ela nos contou, com tamanha pureza e ingenuidade, que ficara contente pelo fato de ter tido a chance de comer guloseimas como chocolates e biscoitos logo após essa terrível experiência. Pudemos apreender com esse e tantos outros relatos que a situação de milhares de crianças e adolescentes, no Ceará e no resto do País, é de total vulnerabilidade, não apenas do ponto de vista sócio-econômico, mas também nos aspectos emocional e psicológico.

As investigações da CPMI no nosso Estado confirmaram a existência de uma intricada rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. Acredito que temos conseguido avançar bastante no combate a esses crimes no Ceará, inclusive com a prisão e a condenação de vários envolvidos, aqui e no exterior. No entanto, apesar de todos esses esforços do Poder Público e sobretudo da sociedade civil, a exploração sexual ainda encontra tremenda força no Estado.

O Rodapé: A região Nordeste é conhecida por valorizar a família, porém apresenta alto índice de prostituição infantil. Na sua opinião, qual o motivo desta contradição?

Ao analisarmos um fenômeno tão complexo e multifacetado como a exploração sexual de crianças e adolescentes, precisamos levar em conta fatores de ordem cultural, social e econômica. Sabemos, por exemplo, que tanto na região Nordeste quanto em outros lugares do Brasil, a exploração sexual não está ligada apenas a aspectos como a pobreza e a exclusão social. Trata-se de um problema que também está ligado a preconceitos e tabus ainda muito arraigados em nossa sociedade, como o machismo e as relações de poder entre adultos e crianças, ricos e pobres, brancos e negros.

O Rodapé: Como Vossa Excelência analisa a atual crise política? Ela pode afetar a economia?

Realmente vivemos momentos extremamente difíceis. Momentos marcados por uma profunda crise que, muitas vezes, nos deixa desanimados, desiludidos e até mesmo perdidos diante de tantas denúncias de corrupção envolvendo o Executivo e o Legislativo. Mas, felizmente, o Brasil tem dado uma demonstração inequívoca de que suas instituições estão fortalecidas e em rápido processo de amadurecimento. Portanto, temos constatado que o País continua funcionando apesar da turbulência política. O mais importante é que a economia parece estar blindada e dificilmente será atingida pelo turbilhão.

Temos, porém, que aproveitar esse momento para promover mudanças essenciais para o País. Diz um antigo ensinamento que toda crise vem acompanhada de uma oportunidade. E na atual situação não é diferente. Esse turbilhão que enfrentamos deve ser encarado como uma chance de refletirmos sobre o nosso sistema político-eleitoral. Não podemos mais aceitar que a política seja pautada por mazelas como o fisiologismo, a corrupção, o constante troca-troca de partidos e a defesa de interesses pessoais espúrios. Daí, a necessidade de votarmos uma reforma política. Sei que ela não resolverá todos os nossos problemas. Mas precisamos, com urgência, mudar as atuais regras do jogo, fortalecendo os partidos para que as discussões políticas aconteçam em torno de idéias e projetos para o País.

O Rodapé: A sociedade pode esperar por um bom desfecho para a crise ou há a possibilidade de tudo terminar em pizza?

Acho que podemos ter, sim, esperança em um desfecho animador para a atual crise. Não acredito que haja ambiente político e popular para a produção de mais uma pizza. A sociedade está atenta, a imprensa tem cumprido um papel expressivo nas investigações e os próprios políticos sabem que não dá mais para conviver com o sistema que aí está.

Mas é imprescindível que a população continue vigilante. É preciso seguir lutando pela construção de um País melhor e mais justo, em que os impostos pagos por todos nós, cidadãos, sejam efetivamente traduzidos em educação e saúde de qualidade, moradia, saneamento básico, cultura, esporte, lazer. É fundamental cobrar, com rigor, de todos os políticos, o compromisso de implantar políticas públicas capazes de melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros.

O Rodapé: O Rodapé, como todo meio de comunicação, às vezes sofre represália por algum artigo publicado. Até aí tudo bem, mas o que fazer quando a liberdade de expressão nos é suprimida?

Apesar de nossa lei de imprensa ser ainda da época da ditadura (lei 5.250 de 1967), ela prevê a “liberdade de manifestação do pensamento e da informação” aos meios de comunicação. A exceção, infelizmente prevista nesta lei que está sendo revista no Congresso Nacional, aconteceria no caso de o País estar sob estado de sítio, quando, então, o governo poderia exercer a censura sobre jornais, rádios, televisões e agências de notícias. Mas como nós esperamos e acreditamos que esse estado de exceção não voltará a acontecer, uma vez que nossa democracia está cada vez mais amadurecida, fica valendo a referida liberdade de expressão. A lei de imprensa afirma que “é livre a publicação e circulação, no território nacional, de livros e de jornais e outros periódicos”, a não ser os clandestinos. Mas atualmente, nem se leva em conta essa classificação de “clandestino”, uma vez que há um sentimento muito forte por parte da sociedade da importância da liberdade de expressão e de pensamento.

É sempre bom dar uma lida nesta lei porque ela também traz os abusos que não devem ser cometidos pela imprensa: por exemplo, a divulgação de notícias falsas e de fatos deturpados que provoquem, entre outras coisas, a desconfiança no sistema bancário ou o abalo no crédito de uma instituição financeira ou de qualquer empresa, pessoa física ou jurídica, além da injúria contra alguém. Esses dois exemplos de abusos são passíveis de punição, inclusive a detenção. Mas, tendo sempre cuidado para não cometer erros graves ou deturpações propositais da realidade, a imprensa brasileira tem que ter suas liberdades de expressão e de opinião respeitadas. Claro que a opinião, a meu ver, deve ser expressa nas páginas dedicadas a ela e não nas reportagens. Essas devem primar por refletir as diversas nuances ideológicas do problema de que estão tratando.

Se um jornal sofre represálias contra essa liberdade, o melhor caminho é procurar a Justiça, que é o poder destinado a fazer com que sejam observadas as leis em vigor. Existem várias instâncias no poder judiciário. Se o jornal não ficar satisfeito com a decisão da primeira instância, que infelizmente às vezes fica sujeita a ligações com a política, pode e deve recorrer à instância imediatamente superior. O importante é fazer valer sua convicção.

Dual

Natan se encontra com o Oráculo, se surpreende com sua forma e seu jeito de cozinhar (sim o oráculo estava fazendo bolinhos como uma pessoa normal), que aliás fazia dez minutos que Natan chegara e eles nem se entreolharam ainda, mas pouco depois Oráculo quebra o silêncio subitamente:

- Não se preocupe com a porcelana.

- Que porc...? – simultaneamente, movimenta os braços, que batem num vaso, que cai no chão, mas o impressionante é que até então, não lhe convinha um vaso no ambiente que estavam, onde não sabia se era cozinha, ou sala, ou qualquer outra coisa – Me desculpe!

- Disse para não se preocupar.

- Mas, como sabia...?

- Não, a pergunta não é essa; a pergunta é: você teria quebrado a porcelana se eu nada tivesse dito?

(silêncio)

Os bolinhos acabaram de assar, e cheiravam a pão de queijo.

- Creio que esteja aqui para saber a pergunta culminante da humanidade, mas que nunca é respondida, mas sua chance de descobrir qual o sentido da vida já passou, pra que saber agora já que está morto?

- Existe destino?

- Esse é um grande problema, o acaso existe com certeza, mas cada pessoa escolhe o seu, ninguém pode ser vítima dele, como naquele dia que você estava atrasado para a ceia de natal na casa de sua avó, e perdeu a carona com seus primos, então teve de ir a pé. Havia dois caminhos: pela rua São Luiz, onde tinha uma descida leve, mas era suspeita por causa da favela que lá tinha, ou pela rua São Paulo, uma subida cansativa, mas um lugar conhecido, onde havia amigos e vizinhança agradável. Optou pela São Luiz claro, estava atrasado. Estava tudo silencioso, a brisa estava agradável, um dia que tudo poderia ter dado certo, mas que já estava tão mal, até que apareceu uma pessoa, um velho, estava para atravessar a rua, parecia normal, mas vinha da favela, então era melhor não contrariar, de repente ele cai, no meio da rua, sangra muito. Natan você quase não o ajudou, estava atrasado, além disso, não o conhecia. “Mas que droga, tenho que parar” pensou, então colocou o velho em sobre um banco que havia perto, ele não parecia bêbado, drogado, ou com a mente alterada, mas babava e sangrava sem parar, a primeira coisa que veio em sua cabeça foi chamar os bombeiros, (havia um orelhão bem atrás dos dois), foi telefonar e um homem atendeu: “Ele está bêbado? Pois se estiver isso não é problema nosso”. Com raiva desligou o telefone, já tinha dado o endereço se quiser que viessem, e nesse momento sua vida estava com vários paralelos, o velho, sua avó, o bombeiro não humanista... Voltou ao banco e viu um amontoado de pessoas ao redor do velho, inclusive um homem encostado em seu carro, sem nem ao menos mostrar interesse para com a situação. “Poderia ao menos levar o homem para o hospital” rapidamente virou-se para o velho, “Você está bem?”, uma outra voz disse para não se aproximar pois ele estava violento, mas nada aconteceu. Minutos depois o velho se levanta, começa a andar, todos abrem espaço como se fosse um rei, caminhava até a esquina, e antes de desaparecer na curva, para e fixa o olhar para você durante dez segundos, vai embora sem dar satisfação. Você suspira, começa a andar, e uma música vem à sua cabeça, uma suave, mostrando que você é poderoso, que pode se igualar a mim, porém, não teria tanto orgulho assim se tivesse pegado a outra rua, mas poderia aproveitar a deliciosa torta da sua avó, o que não aconteceu por uma simples decisão sua e do acaso, o que gera uma nova pergunta: O que significa aquele velho? Mas isso eu não posso falar...

Por mais que comessem os bolinhos, eles não acabavam, mas mudavam de gosto, como se fossem as fases da vida.

- E como alcançar a felicidade?

- A felicidade de uma pessoa começa quando ela começa a se perguntar quem realmente ela é, mas por ironia, o ser humano já nasce sabendo ser feliz, e quanto mais “amadurece”, mais perde esse senso. As crianças sabem, mesmo que inconscientemente, o sentido da vida e da felicidade, que se resume na tênue linha entre o que se pensa e o que se faz. Quer mais bolinhos?

- O que o senhor é, realmente?

- Não me chame de senhor, pois sou apenas um amontoado de palavras que serve para alguém acreditar em alguma coisa.

- Nossa! Nunca estive tão confuso. O que eu sou afinal?

- Mais uma pergunta errada, primeiro pense: Você existe realmente?

- Pensei que quando morresse todas as minhas perguntas seriam respondidas...

- Mas já foram de uma forma conotativa, mas você tem que acordar... ABRA SEUS OLHOS (abra jos olhios).

(...)

“Acordei em meu apartamento, suado e assustado, o mundo parecia outro, não sabia se queria viver ainda, mas com certeza, pelo resto da minha vida, irei tentar sempre fazer as perguntas certas.” Natan.

Antes não Pensasse e não Existisse

Durante os milhares de anos da existência do homem, o mesmo foi criando aversão às suas próprias ações e pensamentos. O próprio homem passou a criar regras para reger a chamada “boa-conduta”, uma forma de padronizar os pensamentos, as idéias e os atos.

Foi dessa forma que chegamos a inexplicável sociedade atual onde existem apenas robôs que são responsáveis por executar tarefas pré-definidas, sempre as mesmas, em troca de algum papel verde que governa o mundo e escraviza o que consideramos raça superior.

Chamam o homem de animal racional e o glorificam por isso. Eu, na mais plena racionalidade, argumento a favor da irracionalidade de todos aqueles que apelidamos de animais. Se ser irracional é aceitar seu ciclo na vida, estar em equilíbrio com todos os elementos da natureza e não se destruir, que me perdoem os grandes pensadores, mas a falta de um pensamento “lógico” por parte dos homens é a única salvação para este mundo.

Muitos sonham com a inteligência artificial, pois não conseguem enxergar que ela já está implantada na sociedade. Está em cada uma das pessoas que passam por você e não lhe notam: ou estão preocupadas demais com a hora do trabalho, ou estão pensando em como rezar e pedir perdão ao seu deus pelos pecados cometidos naquele dia. Deus esse inventado e usado apenas nas poucas horas que dispõem para pensar em suas tristezas e desesperanças, ou nas raras horas de arrependimento por ações condenadas pelo padrão social, pelo vizinho, pela família. Arrependimento que já está esquecido no outro dia e que não o leva a pensar nem duas vezes antes de cometer o mesmo erro novamente, e mais uma vez pedir perdão ao seu deus e achar que sua alma é um exemplo para a humanidade.

Considera errado tudo aquilo que é abominado pala maioria da população, esquecendo de ser egocêntrico e pensar nos motivos que o levaram ao ato, por que ser egocêntrico é pecado, é falta de solidariedade. Da mesma forma que falar sobre sexo é motivo de exclusão do meio de convivência, pois esquecem que o homem é um animal e abandonam a sua natureza e preferem fugir dos seus instintos: deus está olhando e um homem disse que ele não gosta disso!

O homem, com toda sua racionalidade, é o mais irracional de todos os animais.

...

E seguem regras ao comer, seguem regras ao andar, seguem regras ao falar, seguem regras ao olhar, seguem regras ao pensar, seguem regras, seguem regras, seguem regras...

Diga Não. Vote 1

Só há um ponto positivo nesta campanha do desarmamento, o fato de que o povo está sendo consultado.

A proibição do comércio de armas de fogo, descaradamente defendida pelo Planalto, apesar de Lula se negar a entregar dois revólveres 38 que possui, e pela TV Globo, apesar da emissora ser contra desarmar seus seguranças, é uma medida paliativa que não reduzirá a criminalidade ou o número de armas de fogo no país.

A teoria de que cidadãos comuns adquirem armas legalmente e depois revendem para os bandidos, abastecendo-os, é no mínimo fantasiosa. Caso contrário não existiriam tantas armas no país, outra prova disso é que apreensões de artefatos como fuzil AR-15, escopeta 12 e pistola .40 (todos de comercialização proibida no Brasil), são cada vez mais comuns. Está claro que é o comércio internacional que abastece os criminosos, tendo como porta de entrada a Bolívia e a Colômbia, países que também são responsáveis pelo fornecimento de drogas ao Brasil.

Outra alegação é que sem a venda, loucos como o “exterminador do Morumbi Shopping” (que matou vários espectadores de um cinema no referido estabelecimento), não teriam acesso a armas e por isso não poderiam cometer barbáries. Só há um comentário: ele usou uma submetralhadora de venda proibida no país.

Mais uma vez o poder público tenta “tapar o sol com a peneira”. Para diminuir a criminalidade deve haver uma reforma na Polícia e nas Leis, além de desarmar bandidos e não cidadãos.

Você tem o direito de andar desarmado, mas não deve tirar o direito de cada um escolher se quer ou não portar uma arma.

Diga Sim. Vote 2

O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido? Mas o que é proibir? Proibir não é algo tão avesso à democracia. É proibido roubar. É proibido o trabalho escravo. É proibido o abuso sexual de menor. Então, matar com arma de fogo, por que não proibir? (Não há outra utilidade para uma arma.)

A população ficará refém do Estado? Afirmar que o desarmamento da população é um passo para regimes totalitários é ignorar a complexidade dos fatos históricos. As revoluções são frutos de idéias, não de disparos. Novas idéias, conhecimento e cultura é que provocam transformações sociais. Como a idéia do desarmamento. A arma, como toda forma de violência, é na verdade pobreza de argumento.

E o cidadão com o desarmamento? Mas o que é cidadão? Que título é esse que o ego de alguns hipócritas ostenta? Nem o adolescente da favela que sustenta uma arma para sobreviver à sociedade que o exclui. Nem um juiz (aquele do crime no supermercado do Ceará) que no seio da sociedade ostenta uma arma para subjugá-la. Ninguém é cidadão. Aquele que empunha uma arma é tão vítima quanto aquele que serve de alvo. Segregacionar cidadãos e criminosos é mascarar a cruel realidade e a desumana sociedade em que vivemos. Definitivamente exercer a cidadania não é comprar uma arma. Comprar uma arma é assumir a iminência de um crime, na tênue linha que separa bandidos e cidadãos.

E a segurança com o desarmamento? As armas nunca proporcionaram segurança. Acreditar que proporcionam faz parte da mentalidade de políticas públicas paliativas que combatem o caso social com a compra de mais viaturas (puro sensacionalismo). Arma como defesa é ingenuidade do ponto de vista técnico: aquele que é surpreendido, mesmo armado, está em desvantagem e, ao reagir, a possibilidade de permanecer ileso é nula. Arma como segurança é corroborar com a concepção arcaica de que concentração de renda é caso de polícia. Precisamos de oportunidades, livros e professores, não de cadeias, armas e policiais.

E a eficiência de desarmamento? O projeto do desarmamento não foi feito da noite para o dia, foi elaborado e analisado por vários especialistas. Há grandes possibilidades de apresentar resultados significativos no combate à violência. E caso não contribua dessa forma, a sociedade pode democraticamente revogá-lo. O que não pode é permanecermos na situação atual. Algo deve ser feito. E a melhor opção é o Estatuto do Desarmamento.

Adolescência Infantil

Ele esperara tanto tempo para conquistá-la e agora que ela estava ali, em seus braços, completamente sua, ele parava e fitava aqueles olhos negros, que lembravam duas jabuticabas, que lembravam uma jabuticabeira, que lembrava o sítio da sua avó, que lembrava sua infância, que lembrava suas brincadeiras embaixo da jabuticabeira sempre contemplando aqueles olhos negros. Amigos na infância, namorados na adolescência.

Permanecia imóvel, vitrificado. Veio-lhe a memória Casimiro de Abreu, este homem o marcou profundamente, afinal foi quem escreveu o poema “Meus Oito Anos”. Sempre gostou deste poema, mas em vez de bananeiras e laranjais ele lembrava da jabuticabeira... Enquanto isso, ela começava a se preocupar com a (falta de) reação do namorado, só não gritou por socorro porque sabia que se o pai entrasse no quarto e visse os dois juntos, faria um escândalo.

Parece ter voltado ao normal. Piscou os olhos (mania de criança), sorriu, beijou a testa da amiga e disse:

-Vamos voltar à nossa infância?

-Mas... Agora?

-Porque não?

-Você está bem?

-Nunca tive tão bem! Você é que não tá bem.

-Eu!?

-É. Eu não te conheço mais... Tchau.

-Mas Pedro...

Dirigiu-se à porta do quarto.

-Pela porta não! Papai deve está na sala!

-E o que é que uma criança poderia tá fazendo no quarto de uma adolescente?

Saiu. Cumprimentou o pai dela na sala e foi embora. O pai, sem entender nada, vai ao quarto da filha.

-Filha, o que é que Pedrinho estava fazendo aqui?

-É o que eu queria saber. O que é que “Pedrinho” estava fazendo aqui?

Transposição = Transfusão?

Com uma extensão de 2.700 km, o rio São Francisco, ou carinhosamente Velho Chico, é o maior rio genuinamente brasileiro. O rio tem 168 afluentes (99 perenes), suas médias pluviométricas variam de 1.900 milímetros anuais em sua nascente a 350 milímetros no semi-árido nordestino. Por causa desses números gigantescos, desde o Brasil Império até hoje, discute-se a transposição de suas águas, e o governo atual decidiu por em prática a idéia.

Vendem o projeto dessa transposição como um milagre que salvará o nordeste, trazendo riqueza e prosperidade. Luiz Inácio Lula da Silva diz que este projeto “é uma questão humanitária” pois vai “garantir que o povo nordestino, que tem outros problemas, não tenha o de água para beber”.

Tenho algumas objeções. Primeiro: o rio São Francisco é o principal produtor de energia do Nordeste, e todas as suas hidrelétricas estão operando em capacidades ideais para o abastecimento da região. Levando-se em conta que o consumo de energia cresce anualmente e que em 2001 mesmo sem a transposição o rio não conseguiu suprir a demanda energética, causando o racionamento, quem garante que não haverá novos riscos de “apagão”?

Segundo: em Traipu-AL, que fica a poucos quilômetros do rio, centenas de pessoas morrem de sede, não, eu não errei é sede mesmo. Outro exemplo, talvez mais prático: Petrolina, cidade famosa por ser umas das maiores produtoras, e exportadoras, de alimentos, é a cidade no Brasil onde mais se morre de fome. Aí eu pergunto ao Sr. Presidente da República o que é mais humanitário: gastar 4,5 bilhões de dólares em um canal ou resolvendo o problema dessas pessoas?

Terceiro: o Velho Chico tem hoje 5% de suas matas ciliares. A média de evaporação de suas águas, já como conseqüência desse desmatamento criminoso, é de 500 milímetros por ano em sua nascentes a 2200 milímetros no semi-árido. Fazendo as contas direito, o rio já sofre um déficit hídrico. Uma prova disso é que o antes o rio avançava quilômetros oceano a dentro, hoje a água salgada invade quilômetros do leito do rio.

Levando em contas as objeções, a transposição será metaforicamente como retirar o sangue de um velho, anêmico e desnutrido com a desculpa de que este sangue será mais útil em outro. Mas quem seria beneficiado com um sangue escasso como esse? Não creio que seja humanitário retirar parte das hemácias do velho Chico.

Hino do Vestibulando

Alguns alunos que concluem o Ensino Médio este ano compuseram o seguinte hino:

(Paródia da música “O que tem que ser será” de Dorgival Dantas)

Vamos sair

Nos preparar

Para o vestibular

Na beira-mar

A lua linda vai clarear

Tomar um chopp

Pra relaxar

O que tem que ser será

Não vou mentir

No vestibular vou me lascar

A UFC não sai do meu pensamento

Esperei tanto por esse momento

O tempo foi paciente e lento

Mas acabou e no Alfa eu vou parar

Refrão (2X):

Eu esperei hora, esperei dia, esperei, mês esperei ano, esperei tempo

Pra fazer UFC

Agora que estou aqui o melhor é deixar pra outra hora

E veja, veja as minhas mãos

Suando sem saber fazer a redação

Parabéns pela criatividade, mas não precisa se desesperar. Um vestibulando que chega no local da prova com a idéia fixa de que não vai passar já entra em desvantagem. Então, calma.

Ao contrário do que muitos dizem, passar no vestibular na primeira tentativa é possível sim. Nosso editor Micael François é prova disto, passou em Direito três meses antes de concluir o Ensino Médio. Boa sorte, vestibulandos.

Meio Termo Social

Nascer, crescer, morrer.A ordem natural da vida anda meio diferente. Consumir, nascer, consumir, crescer, consumir, morrer. A maioria dos problemas do mundo (para os mais pessimistas, todos) estão ligados diretamente com o alastramento e as proporções tomadas pelo capitalismo.

A busca incessante pelo lucro, que acompanhou o crescimento evolutivo do homem, tem estado mais em alta nos últimos tempos do que em qualquer outra época. O modo de produção vem aumentando drasticamente, e entrou em um estágio de necessidade social fora do comum. Não é mais viabilizado um mundo moderno sem o dinheiro e os seus possíveis benefícios. E as tentativas esquerdistas, outrora soluções, ou acabaram ou aderiram ao right way.

O real problema do capitalismo é a sua noção de um agora. Isso faz com que todas as atitudes sejam voltadas para o que se ganha, não importando o que acontecerá com o planeta daqui a alguns anos, nem com quem passa fome ou muito menos com quem não se beneficia com os seus ouros.

Fugir do sistema? Impossível, já que a maioria das relações tidas no decorrer da vida são ou serão comungadas com ele. Negá-lo? Improvável, o máximo que se chega com isso é a uma vida de miséria. A única solução plausível parece ser a consciência dos fatos, para poder discernir o certo do errado e sobreviver sob as asas do capital.