28.9.09

A Sedição de Juazeiro

Apesar de pouco conhecida e estudada, a Sedição de Juazeiro foi uma das passagens mais importantes da história do Ceará, adquirindo proporções nacionais na época. A origem da revolta remonta à "política das salvações" posta em prática pelo então Presidente Hermes da Fonseca, que promoveu intervenção em vários estados do país na tentativa de conter a "campanha civilista" idealizada pela oposição.

No Ceará, Franco Rabelo foi nomeado interventor em julho de 1912. Logo que assumiu o poder, Franco Rabelo procurou enfraquecer os coronéis do estado, conseguindo relativo êxito no início de sua gestão. Em Juazeiro, o Governador destituiu Padre Cícero do cargo de prefeito, nomeando em seu lugar, José André de Figueiredo. Em novembro de 1913, a Assembleia Legislativa decidiu se reunir em Juazeiro, tendo em vista que o Governador Rabelo não permitia que tal ato acontecesse em Fortaleza. Padre Cícero não tomou parte na Assembleia, mas ao ser informado da reunião, enviou carta ao Governador dando conta da situação e aconselhando sua renúncia. Franco Rabelo entendeu a reunião e a carta como provocações, ordenando a invasão a Juazeiro.

Quando Padre Cícero soube que militares marchavam rumo a Juazeiro, ordenou a construção de um valado para proteger a cidade. Em apenas seis dias, uma vala de aproximadamente nove quilômetros de extensão, oito de largura e cinco de profundidade foi cavada. Para o Monsenhor Murilo de Sá Barreto, tal construção, que recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus", comprova que Padre Cícero nunca teve intenção de atacar, pois: "quem constrói valado, constrói para se defender".

Graças ao Círculo da Mãe de Deus, os militares foram repelidos. O Governador enviou um contingente ainda maior e armamento pesado, inclusive um canhão. Mesmo assim, as forças rabelistas não conseguiram transpor o fosso e foram obrigadas a bater em retirada. As frustradas tentativas de invasão abalaram o poder de Franco Rabelo, aproveitando-se disso, Floro Bartolomeu (ao lado), costurou alianças para derrubar o Governador. Diante das dimensões da Sedição de Juazeiro e por influência do senador Pinheiro Machado, o próprio Presidente Hermes da Fonseca decidiu apoiar Floro Bartolomeu e enviou navios da Marinha para Fortaleza.

É de se frisar que embora muitos imputem a Padre Cícero a liderança da Sedição de Juazeiro, esta coube a Floro Bartolomeu que declarou: "Apesar de todo o país saber que a revolução de Juazeiro foi um movimento de ordem política, com a qual foram moralmente solidários os altos poderes da república e que eu fui incubido de chefiá-lo pelos chefes políticos, e que unicamente dirigi toda a ação, ainda há quem, de má fé, queira dar a responsabilidade ao Padre Cícero". A historiadora Amália Xavier de Oliveira afirma que quando os juazeirenses decidiram atacar, Padre Cícero os orientou a respeitar os adversários e as coisas alheias, só devendo pegar o necessário para saciar a fome, entretanto, Floro Bartolomeu teria dito para fazer o que quisessem, pois "o vencedor tem direito ao que é do vencido".


Em 24 de janeiro de 1914, os juazeirenses tomaram a cidade do Crato após um confronto com os soldados remanescentes do grupo que tentara invadir Juazeiro. Três dias depois, Barbalha foi tomada sem oferecer resistência. Em fevereiro, houve novo confronto em Iguatu, onde novamente o grupo liderado por Floro Bartolomeu obteve vitória. Há registros de pilhagens e confrontos em outras cidades do estado, como Quixadá e Maranguape. Em 15 de março, os revoltosos chegaram em Fortaleza, onde a Marinha já havia imposto um bloqueio marítimo. Cercado, Franco Rabelo foi deposto, sendo substituído interinamente pelo comandante da Marinha Fernando Setembrino de Carvalho. Os revoltosos voltaram a Juazeiro e desocuparam as cidades invadidas. Algum tempo depois, foram realizadas eleições, sendo eleito Governador Benjamim Liberato Barroso e Vice-Governador Padre Cícero.

Bibliografia:
* CARIRY, Antonio: A Defesa Armada de Juazeiro. Brasília-DF: Usina das Letras. 2006
* OLIVEIRA, Amália Xavier de: O Padre Cícero Que Eu Conheci. Rio de Janeiro-RJ: Gráfica Olímpica Ltda. 1969
* SOBREIRA, Azarias: O Patriarca de Juazeiro. Petrópolis-RJ: Vozes: 1969

Micael François

2 comentários:

Francinilton R. Vieira disse...

Francinilton www.roquebeatodopadrecicero.blogspt.com


Coronel Fraco Rabelo a sua arrogância de invadir Juazeiro fundada pelo Padre Cícero por isso foi Expulso do poder poque queria a cabeça do Padre Cícero como troféu minha bisavó contava Maria Joanna da Conceição do tempo do Padre Cícero.
Responder

Francinilton R. Vieira disse...

Francinilton R. Vieira

www.roquebeatodopadrecicero.blogspt.com


Coronel Fraco Rabelo a sua arrogância de invadir Juazeiro fundada pelo Padre Cícero por isso foi Expulso do poder poque queria a cabeça do Padre Cícero como troféu minha bisavó contava Maria Joanna da Conceição do tempo do Padre Cícero.
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