Quem não acompanhou o caso da adolescente Eloá com toda certeza deve ter ouvido comentários. Muitos destes, eu acho. Esse tipo de evento, no qual uma “catástrofe” une todas as redes de comunicação e toda a massa do povo brasileiro já virou rotina, ou ninguém se lembra mais do menino João Hélio ou da garotinha Isabela?
As polícias estão se matando em São Paulo. As principais capitais do país estão no meio de eleições nas quais “viado” e “maconheiro” viraram adjetivos comuns. O capitalismo financeiro está ruindo... Mas metade do horário de um tele-jornal é dedicado ao infeliz Romeu de Santo André,e sua falecida Julieta.
Não quero ferir os sentimentos de ninguém, até manifesto minha indignação com os casos de violência que eu citei. Mas fica entalada uma pergunta na minha garganta. Se há tantos meninos de rua sendo humilhados na mendicância desde cedo; se existem tantas meninas que são obrigadas a “rifar” seus corpos em troca da subsistência; se tem tantos casos de violência doméstica (pais contra filhos, filhos e netos contra aposentados, homem que agride na mulher, mulher que bate no marido, etc...), por que tanta comoção com um caso tão distante de nós? Em outras palavras, quantos carros foram roubados para João Hélio virar Pop-Star? Quantas crianças são vítimas de maus tratos em casa para Isabela Nardoni receber tantas homenagens post morten? Quantos casais desequilibrados geraram crimes para Eloá estampar capas de revistas?
Outra coisa que me chama a atenção é que Nayara, a amiga de Eloá, saiu do hospital sorrindo, com um bicho de pelúcia nos braços e acenando pros jornalistas. O pai de Eloá, por sua vez, foi premiado, seus cinco na mídia lhe renderam um mandado judicial de prisão. A mãe de Isabela dias depois da morte da filha dava entrevistas pra todas as emissoras, e subiu em palcos com Pe. Marcelo Rossi, Xuxa e outros famosos. No enterro da menina, ainda havia populares fazendo o marketing de seus negócios, desconhecidos que em êxtase davam seus depoimentos aos repórteres, vizinhos que, na correria de suas vidas talvez nunca tivessem trocado palavras com a menina, falavam emocionados sobre a garota.
Não sei... me critique se estiver errado (e eu quero estar errado), mas nessas horas fico achando que a resposta pra minha pergunta central neste texto, sobre porque gastar tanta energia com um caso da mídia ao invés de mudarmos nossa realidade está no título deste texto. 30 segundos de fama parecem valer mais que um mundo melhor... Só me resta citar Legião Urbana e indagar, “Que país é esse?”.
Justiniano
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Um comentário:
quem é justiniano mesmo??
^^
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